Revista Real Notícias
9 de set de 2021
Após ficar preso por mais de 20 dias ao ser confundido com um miliciano de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o cientista de dados Raoni Lázaro Brabosa, teve sua soltura determinada pela Justiça.
A família e a defesa de Raoni alegam que houve um equívoco de identificação por parte da polícia, que utilizou fotos para achar aquele que eles jugavam ser o criminoso.
Formado pela PUC-Rio, Raoni é um jovem cientista de dados com especialização no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos. Ele é casado há quatro anos e há quase um ano começou a trabalhar em uma multinacional americana.
No dia 17 de agosto, o rapaz foi preso em uma operação da Polícia Civil, deflagrada pela delegada assistente Thaianne Barbosa, da Draco. Ele foi acusado de fazer parte de uma milícia em Duque de Caxias – o que, segundo a defesa do homem, foi um erro da polícia.
No inquérito, a polícia acusa Raoni de ser responsável pela cobrança de taxas de moradores e de comerciantes de Caxias em um grupo de milicianos que incluía policiais militares.
A defesa afirma que Raoni e a esposa moram em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, e nunca viveram em Duque de Caxias. O reconhecimento de Raoni foi feito por foto, uma prática que não é prevista em lei brasileira.
A imagem usada na investigação foi a de um homem identificado como Raony, com “y”, também conhecido como Gago, e apontado como integrante da milícia de Duque de Caxias.
A defesa e a família apontam que a única semelhança entre os dois é a cor da pele. Dados do Colégio Nacional de defensores públicos-gerais, de 2012 a 2020 90 pessoas foram presas injustamente baseadas no reconhecimento por foto.
“A gente não sabe como é que vai ser daqui pra frente. não sabe como é que vai ser com relação ao emprego dele, se ele vai perder emprego, se ele vai deixar de poder viajar“, afirmou Érica, esposa de Raoni.
A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas, a Draco, informou que as testemunhas desfizeram o reconhecimento e que a delegada responsável pelo caso já pediu à Justiça a revogação da prisão de Raoni Lázaro Barbosa.
A Secretaria de Polícia Civil afirmou que instaurou uma sindicância interna para apurar o caso, porque a orientação da atual gestão da pasta é para que o reconhecimento fotográfico seja um dos elementos do inquérito policial, e não o único fator determinante para pedir a prisão de suspeitos.