A modelo Julia de Araújo, de 19 anos tem um perfil bem diferente dos padrões exigidos pelas agências. Ela mede 1.49 m, não possui um corpo esguio e nem magro.
Maju se tornou modelo internacional. Já desfilou em Milão, e é a mais nova embaixadora da marca L’Oréal Paris. A modelo tem Síndrome de Down, enfrenta uma intensa agenda de trabalho.
A modelo, que tem Síndrome de Down, trabalha intensamente, não sabemos dizer se isso é certo, pois uma pessoa que tem a síndrome, não é responsável por sí, precisa de um tutor para auxilia-la e proteje-la de oportunistas de plantão.
Maju adorava brincar de desfilar, fingindo ser modelo. Colocava guardanapos pendurados na cintura, que faziam as vezes das roupas esvoaçantes das passarelas, e fazia caras e bocas como se estivesse sendo fotografada. “Eu achava que aquele ambiente da moda seria inacessível para ela”, conta a mãe, Adriana, de 48 anos. De fato, a trajetória da modelo carioca —a terceira filha da família, cujo pai é analista de sistemas, e a mãe trabalhava com gastronomia— nunca foi fácil. Adriana lembra que passou a infância e a adolescência da filha ouvindo não quando tentava atender ao anseio da filha. “Várias vezes chegamos em escolas e ouvimos que não havia mais vaga”, conta. Por isso, quando a filha manifestava o desejo de ser modelo, a mãe não levava a sério.
As coisas começaram a mudar depois que Maju entrou em coma, em decorrência de uma meningite. Ao acordar, depois de ter sido desenganada pelos médicos, disse para a mãe que queria ser uma “modelo famosa”. Adriana decidiu lutar ainda mais para realizar o sonho da filha. “Naquele momento, a gente passava por um sério problema financeiro”, conta Adriana. “O único dinheiro que eu pude reservar eram 200 reais, o valor da matrícula na escola de modelo. Pensei: ‘minha filha merece’.” Na época, a mãe trabalhava cozinhando em eventos. “Eu levava minhas três filhas para o trabalho. Maju ajudava montando os pratos.”
Mesmo com dificuldades, a família decidiu investir o pouco que tinha na formação de Maju. Não sabia, no entanto, que o dinheiro da matrícula era apenas a ponta de um iceberg. Mais uma vez, as portas não se abririam com facilidade. “Ameacei processar a escola de modelo, que não queria aceitar a minha filha. Foi ali que me posicionei pela primeira vez”, conta Adriana, que hoje é assessora e espécie de porta-voz da filha, já que Maju tem dificuldade para falar.
Mesmo assim, a modelo se comunica bem, por meio de expressões e da linguagem de sinais, que ela usou para participar de uma série, chamada República, produzida para o Instagram e que durou 6 meses.
Conta com a ajuda da irmã, Larissa, de 25 anos, e da mãe, para contar aos seus mais de 387.000 seguidores no Instagram os bastidores e o resultado do seu trabalho. “A gente também filtra os comentários”, conta Larissa. “Tem muito comentário de ódio. Muita gente fala, por exemplo, que ela é branca e privilegiada”, conta.
Fonte: El País
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