Influenciadores das redes sociais com papel mais estratégico... será? Existe uma impressão bastante considerável dessa realidade.
As informações reunidas nos documentos não se limitam a verificar a quantidade de postagens sobre o projeto de lei que reestruturou as carreiras militares. Os autores do relatório fazem uma leitura política das manifestações registradas no espaço virtual.
Além de assumir posicionamentos políticos em temas estranhos à missão das Forças Armadas, como a defesa da política econômica do governo de Jair Bolsonaro, os documentos revelam avaliações politizadas, como a utilização de termos como “partidos de oposição”, “causa lulista” e “ganhar a narrativa”. Nessa batalha virtual, o Exército considera os influenciadores digitais como atores estratégicos.
As primeiras avaliações, realizadas a partir de 30 de julho, dão maior atenção a dados quantitativos sobre as publicações com menor ou maior repercussão. Relatadas em novembro, durante a tramitação do PL 1645 no Senado, as últimas análises se tornam claramente mais politizadas.
No relatório de nº 17, datado de 31 de outubro de 2019, a investigação considera “anormal” o fluxo de publicações a respeito. O PL 1645 havia sido aprovado na Comissão Especial da Câmara dois dias antes, em caráter conclusivo. O documento afirma que, entre o grupo Cidadãos, há um sentimento negativo em relação ao PL 1645. Mas identifica um tom mais neutro e positivo na mídia. Com uma tarja sobre o nome, o documento destaca a atuação de um “evangelizador positivo ajudando na alteração do cenário de sentimentos nas redes sociais”.
O acompanhamento de nº 19, de 4 de novembro de 2019, apresenta uma leitura menos neutra e mais politizada da movimentação nas redes sociais. Afirma, por exemplo, que “a tentativa de ganhar a narrativa em busca de uma proposição positiva nas redes sociais pode se tornar desgastante e ineficiente, quando se usa os próprios meios”. E reforça a necessidade de contar com a atuação de especialistas em mídias sociais. O documento conclui que “no cenário político, é preciso esvaziar o discurso do (tarja) e dar visibilidade ou chamar à participação, os atores políticos favoráveis ao PL 1645”.
O relatório de nº 20, a partir dos dados coletados entre 4 e 6 de novembro de 2019, também faz considerações políticas. O parecer indica a ocorrência de uma “nova pauta para a imprensa e uma nova pauta de ataques contra o governo para os partidos de esquerda”.
Segundo o documento, “esse novo combate virtual será em torno das propostas econômicas apresentadas pelo (tarja)”. E que “A esquerda tentará qualificar a reforma (da Previdência) como desmonte do serviço público e aprofundadora das desigualdades do país”. Novamente, o documento ressalta a necessidade de atuação de influenciadores digitais.
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