mobiliza órgãos públicos e abre brechas para adversários da candidatura Bolsonaro
O Barão acha que a ex-ministra e senador eleita Damares Alves (Republicanos-DF) se meteu numa enrascada. Como todos sabem, a semana foi marcada pelas denúncias sem provas da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos de que crianças teriam sido traficadas, torturadas e violentadas sexualmente na Ilha de Marajó , no Pará.
As informações, por sinal, chocantes e cheias de detalhes sórdidos, foram transmitidas por ela durante participação em um culto na Igreja Assembleia de Deus, em Goiânia, (GO) para uma plateia que inclusive contava com crianças. Damares nem respeitou as crianças presentes no auditório e detalhou as ações dos supostos crimes sexuais sem nenhum constrangimento.
O povo lá do Pará tá indignado com ela, porque ninguém por lá sabe de nada do que ela disse. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: já que ela era ministra, por quê então não tomou providências cabíveis naquele momento? E diante de uma denúncia tão grave como isso não chegou ao presidente Jair Bolsonaro, justo ele, que possui uma narrativa toda focada na defesa dos valores morais, da família, das tradições, “do Brasil acima de tudo e de Deus acima de todos”? Não é assim que ele se apresenta no seu marketing? No mínimo, estranho, não?
Resumo da ópera, agora ela vem revelar esse casos em plena campanha eleitoral, a duas semanas das eleições para o segundo turno, deixando todos aturdidos com o que ouviram e deixando seu candidato a presidência numa saia justa. O Ministério Público Federal já se manifestou e cobrou essa semana a senadora eleita provas do que ela disse, e todas as evidências sinalizam que ela não possui provas.
O MPF do Pará afirmou, por meio de nota, que nos últimos 30 anos nenhuma denúncia sobre tráfico de crianças na Ilha de Marajó foi feita ao órgão de forma semelhante “às torturas citadas” pela ex-ministra.
De acordo com o MPF, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um outro policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico internacional de crianças que teriam acontecido de 1992 para cá, no referido arquipélago paraense, nenhuma das denúncias mencionou nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra Damares Alves no último fim de semana.
O Ministério Público Federal disse que os relatos que não tratam de tráfico infantil foram encaminhados ao MPPA (Ministério Público do Estado do Pará), que inclusive já pediu para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que compartilhe as tais denúncias relacionadas às falas de Damares, para que os supostos crimes sejam investigados.
O MPF do Pará, até o fechamento dessa coluna, se encontrava aguardando informações da pasta à qual a senadora eleita foi titular. “Até o início da tarde desta quinta-feira o Ministério não havia apresentado resposta.” , afirmou.
A Polícia Civil do Pará também disse desconhecer as denúncias de Damares. Em nota ao UOL, assim se manifestou: “não temos nenhum registro referente aos modos de atuação descritos pela ex-ministra”. O órgão também encaminhou “ofício solicitando documentos e mídias citadas” pela ex-ministra para dar início “de forma urgente investigação sobre os fatos relatados”.
O que a ex-ministra disse foi tão grave, mas tão grave que mobilizou diversos segmentos da sociedade, viralizando ainda nas redes sociais. O Ministério Público Federal assim como a Procuradoria-Geral da República foram acionados para desvendar esse mistério.
Para o Barão, Damares deu um tiro no pé. Foi tentar agradar e arregimentar votos para o seu candidato à presidência da República, e criou essa confusão toda, num momento já complicado por si só. A primeira-dama, Michele Bolsonaro, que praticamente deu seu voto de confiança à Damares e a ajudou a ser eleita senadora usando os tradicionais e conhecidos redutos eleitorais do segmento evangélico, deve estar arrependida do apoio.
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