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Brigitte Macron processa autores da teoria de que nasceu homem

Primeira-dama francesa vai recorrer à justiça depois de a teoria da conspiração ter ganho fôlego nas redes sociais, a poucos meses de o marido tentar a reeleição para presidente.


Na campanha para as presidenciais francesas de 2017, Emmanuel Macron teve que negar as acusações de que era homossexual. Agora, a quatro meses de tentar a reeleição (oficialmente ainda não é candidato mas nada indica que não o será), o alvo das teorias da conspiração é a sua mulher. Nas redes sociais espalha-se o rumor de que Brigitte Macron nasceu Jean-Michel Trogneux (o seu apelido de solteira) e escondeu a mudança de sexo. A primeira dama resolveu processar os responsáveis.


"Ela decidiu iniciar os procedimentos, está em curso", confirmou o seu advogado, Jean Ennochi, à agência francesa AFP, sem avançar mais pormenores. Em princípio, a queixa será por difamação, mas nem esse pormenor foi explicado. A diferença de idades entre Macron, que fez 44 anos na semana passada, e Brigitte, de 68 anos, sempre foi motivo de falatório, especialmente tendo em conta que o presidente conheceu a atual mulher quando ainda era adolescente e ela era a sua professora de Teatro - casada e já mãe de três filhos. Divorciou-se em janeiro de 2006 e casou com Macron em outubro de 2007.


Mas essa história já é antiga e o atual rumor vai muito mais além - se bem que também inclui uma referência a uma alegada pedofilia. Como é que o hashtag #JeanMichelTrogneux se tornou num dos mais usados no Twitter em França?

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A história ganhou fôlego em outubro, depois de ter saído na edição desse mês da newsletter de extrema-direita Faits et Documents, onde não é raro encontrar teorias da conspiração e textos antissemitas. No site já há cinco dossiers dedicados ao "Mistério Brigitte Macron". Na origem da "investigação" está a suposta jornalista Natacha Rey, que terá sido a primeira, logo em março, no seu Facebook, a abordar a teoria de que a mulher de Macron tinha nascido homem, segundo a AFP. Essa informação terá sido depois partilhada por outro utilizador desta rede social, que alegou que a primeira dama era uma "transgénero satanista pedo-criminosa", uma expressão que vai ao encontro das conspirações do movimento QAnon, dos EUA, e das alegações de que o mundo é governado secretamente por uma elite pedófila.


Em novembro, o hashtag chegava ao Twitter pelas mãos do Le Journal de La Macronie, crítico do presidente francês. Mas foi a partir do início de dezembro que ganhou força, passando de 35 referências a 6 de dezembro para mais de 13 mil três semanas depois. Só ontem, havia mais de 570 referências. Antes do Natal, o hashtag já tinha sido partilhado 68300 vezes e angariado mais de 17 mil gostos, apesar de estes números incluírem as vezes em que é usado por aqueles que criticam esta teoria da conspiração.



Pelo meio, Natacha Rey (que terá investigado o caso durante três anos) deu uma entrevista a Amandine Roy, que tem um blogue e um canal de YouTube. Nela, alegou que as provas da mudança de género da primeira dama estavam "num envelope selado depositado com um advogado cujo nome é bem conhecido" e que seriam tornadas públicas "no dia em que a vacinação [contra a covid-19] se tornar obrigatória". Apoiantes do candidato de extrema-direita Eric Zemmour, assim como críticos da vacinação, estão entre os primeiros a partilhar esta teoria, segundo os media franceses.


Na entrevista só se ouve a voz de Natacha, sendo que mesmo a foto de perfil que aparece inicialmente desaparece depois - era a mesma foto de perfil da sua conta no Facebook. O vídeo também desapareceu do YouTube, mas ainda é possível encontrá-lo noutros sites. No dia 22 de dezembro, Amandine Roy escreveu no seu blogue que três polícias lhe tinham aparecido à porta com uma convocatória para prestar declarações imediatas, por causa da sua entrevista, e que Natacha teria sido detida. No Facebook não escreveu nenhuma mensagem desde o dia 13 de dezembro, mas foram publicados comunicados em seu nome a dizer que está bem.


A estratégia para supostamente provar estas acusações passa por fotos de diferentes partes do corpo da pessoa em causa ou até mesmo fotomontagens. Brigitte Macron não é o primeiro alvo deste tipo de teorias, com outras mulheres poderosas, como a ex-primeira dama Michelle Obama ou a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, a terem também sido acusadas de serem transexuais. Estamos a falar de uma mulher muito mais velha do que o marido, de uma afro-americana numa posição de grande poder e da mulher que, aos 37 anos, se tornou então na mais jovem chefe de governo do mundo.


Além da notícia de que iria abrir um processo contra os responsáveis por espalhar a notícia, não houve qualquer outra reação de Brigitte Macron ao caso. A primeira-dama e o marido passaram o Natal com os três filhos dela (Sébastien, Laurence e Tiphaine) e os sete netos (Camille, Paul, Elise, Aurélie, Emma, Thomas e Alice) no Forte Brégançon, no sul de França. O casal deverá continuar até depois da Passagem do Ano neste forte, retiro oficial dos presidentes franceses desde 1968. Em 2020 tinham passado o Natal separados, porque ela apanhou covid-19 (teve apenas sintomas leves).

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